O disco intervertebral é uma estrutura em forma de anel, constituída por tecido cartilaginoso e elástico cuja função é evitar o atrito entre uma vértebra e outra, além de amortecimento de carga e mobilidade da coluna. Eles desgastam-se com o tempo e o uso repetitivo, sendo o envelhecimento do indivíduo uma das principais causas da hérnia de disco. Isso porque, conforme envelhecemos, os nossos discos da coluna vão perdendo sua elasticidade e a capacidade de reter líquido, correndo o risco de se romper. Porém, vale ressaltar que não são todos os discos degenerados que se rompem. Além disso, a predisposição genética é a causa de maior importância para a formação de hérnias discais, assim como uma série de circunstâncias como traumatismos, quedas, acidentes e esforços físicos em que a cartilagem pode ser lesada e comprimir as estruturas nervosas.
Hérnia de disco é a projeção da parte central do disco intervertebral (núcleo pulposo) para além de seu limite anatômico normal (rompimento do ânulo fibroso – parte externa do disco intervertebral).
Em qualquer local da coluna vertebral pode haver a formação de uma hérnia de disco, que podem ser assintomáticas ou sintomáticas. As hérnias que promovem compressão da raiz nervosa causam dor com irradiação radicular (dermátomo). Além da dor, o paciente pode se queixar de alteração de sensibilidade e de força motora e/ou distúrbio esfincteriano como dificuldade de urinar e evacuar.
COMO DIAGNOSTICAR?
Realizar o diagnóstico clínico e exame físico complementado pelo exame radiológico (ressonância magnética nuclear de coluna lombossacra) e ENMG de MMSS e/ou MMII (eletroneuromiografia de membros superiores e/ou inferiores). Afastar outros diagnósticos diferenciais (doenças que podem simular os mesmos sintomas de hérnia de disco como: doenças do quadril, doenças inflamatórias reumáticas, doenças urológicas (litíase renal), doenças vasculares (aneurismas), neoplasias e metástases dentre outras.
COMO TRATAR?
Acompanhamento: muitos pacientes não apresentam sintomas de hérnia de disco e descobrem o problema acidentalmente ao fazerem exames de imagem por outros motivos como por exemplo dor lombar muscular. Assintomáticos, somente serão tratados de hérnia de disco quando desenvolverem sintomas.
TIPOS DE DEGENERAÇÃO DISCAL
Medicamentos: na fase aguda, diversos medicamentos podem ser utilizados para controle da dor. Os mais frequentes são: analgésicos, anti-inflamatórios, corticosteróides e opióides. Anticonvulsivantes como gabapentina e pregabalina terão seu papel como coadjuvantes no controle da dor neuropática.
Fisioterapia: possui função importante no controle da dor e da irradiação para membros superiores e inferiores. Os objetivos da fisioterapia variam desde analgesia, descompressão neural por meio de manobras específicas até exercícios de estabilização e fortalecimento muscular. Há diversas técnicas e métodos descritos para essa finalidade como TENS, ultra som terapêutico, radiação infravermelha e liberação miofascial.
Reeducação Postural Global (RPG): é uma técnica de fisioterapia que usa exercícios específicos para corrigir desvios posturais e melhorar o alinhamento e funcionalidade geral do corpo. O tratamento pode trazer diversos benefícios para a saúde e o bem-estar, como o alívio da dor, a melhora da postura, o aumento da flexibilidade e o fortalecimento muscular.
Infiltração na coluna: têm finalidade de alívio da dor e podem ser do tipo epidural interlaminar ou foraminal. Utiliza-se uma solução composta por corticosteróides (que possuem efeito anti-inflamatório) associado a um agente anestésico. Os benefícios da infiltração na coluna são notáveis e multifacetados, oferecendo aos pacientes um alívio rápido e eficaz da dor, o que é particularmente vantajoso para aqueles que sofrem de condições crônicas ou agudas da coluna.
Cirurgia de hérnia de disco: a maioria dos casos não requer cirurgia. São candidatos à cirurgia pacientes que não tiveram melhora dos sintomas após tratamento clínico ou aqueles com piora súbita das funções neurológicas. A cirurgia da hérnia de disco visa a descompressão da raiz nervosa comprometida (vide figura abaixo).
QUANDO OPERAR?
A indicação cirúrgica deve levar em consideração a associação positiva de alguns fatores:
– refratariedade ao tratamento clínico;
– queixa do paciente em relação à região dolorosa (dermátomo da dor);
– exame neurológico (dermátomo da dor e/ou perda da sensibilidade e/ou perda de força motora e/ou distúrbio esfincteriano (dificuldade de urinar e evacuar) e/ou sinal positivo de irritação de raiz nervosa;
– compatibilidade entre a queixa do paciente, o exame neurológico e os exames complementares (raio-x, tomografia computadorizada, ressonância magnética nuclear de coluna vertebral e eletroneuromiografia de membros);
É importante ressaltar que o melhor momento de se realizar a cirurgia deve ser adequadamente discutido com seu médico. É normal que muitas vezes essa dúvida dificulte a decisão do paciente e do médico, dividindo opiniões e, não raro, um mesmo caso pode ter indicações de tratamento diferentes se avaliado por outros especialistas.
ATENÇÃO!!!
Devem ser avaliados e candidatos à CIRURGIA DE URGÊNCIA todos os pacientes que apresentarem dor e cursarem com as seguintes alterações:
– perda parcial ou total da função urinária, intestinal, sexual, sensibilidade em períneo, força motora em membros inferiores (também chamada Síndrome de Cauda Eqüina) em casos de hérnia de disco.
– instalação dos sintomas vigentes (descritos no item acima) em curto intervalo de tempo (também chamado de déficit neurológico em progressão).
QUAIS SÃO AS TÉCNICAS CIRÚRGICAS ATUAIS?
– Existem várias técnicas cirúrgicas que deverão incluir a descompressão adequada das estruturas nervosas atingidas (minimizando os efeitos da desestabilização da coluna vertebral) e cada caso deverá ser analisado de forma personalizada.
– Cirurgia Endoscópica de Coluna: uma revolução no tratamento da dor, é uma técnica inovadora que está transformando o tratamento de problemas na coluna vertebral no Brasil. Este método minimamente invasivo oferece inúmeras vantagens em comparação com as técnicas tradicionais, proporcionando uma recuperação mais rápida e menos dolorosa para os pacientes.
– Lembrar sempre que é fundamental existir uma boa relação médico-paciente na promoção de todas as orientações necessárias, com a decisão de seu plano terapêutico seguindo o princípio da autonomia do paciente.
Cirurgia Endoscópica de Coluna: Uma Revolução no Tratamento da Dor
